segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A HISTÓRIA DE JAMES SMITH
Como no cinema
A mulher dos meus sonhos se encantou com meus poemas,
Deu-me um beijo doce
E passou a ir a todos os saraus que eu fosse.
Como nas novelas
A inspiração me vinha quase sempre dela.
Estava no céu!
Ela me ligou
E me convidou pra irmos juntos ao motel.
Foi ficando nua.
Disse-me:- agora sou eternamente sua.
Foi tudo perfeito!
Então num impulso eu a pedi em casamento.
Disse-me:- sim.
Tristeza completa!
"Só caso contigo se deixar de ser poeta"
Disse pra mim.
Rasgou meus poemas,
Disse que romance era coisa pro cinema.
Foi o meu fim.
Eu vi numa bruxa se transformar a princesa.
Também grosseria se tornar sua gentileza.
Trabalho formal,
Vida sempre igual,
Filhos pra criar
Contas pra pagar,
Mulher pra sustentar.
Nunca mais poesia,
Nunca mais boemia,
Adeus às noitadas,
Adeus namoradas,
Adeus alegria!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FOME
Muitos poetas falam sobre tristeza. Mas poucos se arriscam a falar sobre aquela que provém da fome, diante da qual são supérfluas e subjetivas todas as angústias inerentes àquele que come. Pois não é só do espírito. Mas dos ossos, da carne, dos membros.
A fome do alimento traz consigo outras três fomes: a de dignidade, a de respeito e a de oportunidade, que são tão mortíferas quanto a 1ª. Contudo, essa é egocêntrica, tendo tanta urgência em ser saciada que não dá ao indivíduo que a sente sequer tempo para pensar em matar as outras.
É... Todos deveriam ter direito a sentir fome de VIVER. Mas a fome de SOBREVIVER, para muitos, cerceia até esse direito.